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Carlos A. M. FOSCOLO
Carlos@foscolo.biz
03-01-2014
À Espera de um Novo “Caçador”?
Vivemos uma situação extremamente paradoxal, contraditória em relação aos resultados de pesquisas para as próximas eleições de 2014. Dá até mesmo para questionarmos: Estão perguntando nos lugares certos? As pessoas que estão respondendo têm consciência de suas respostas contraditórias, ou estão realmente entendendo o conteúdo das questões pesquisadas? Será que o povo realmente sabe o que quer? Será que as manifestações de junho mostraram que as pessoas querem uma nova liderança, que não encontram? Como entender que em pesquisas levadas a efeito por instituições sérias como IBOPE, Datafolha e outras, num item em que 70% dos entrevistados dizem que querem mudança, mas que na mesma pesquisa quase 50% aprovam o atual governo? Como podem ver, esses números não fecham! São contraditórios!
Tudo indica que o povo brasileiro está perdido, e em busca de um novo líder, como algumas vezes já vimos no passado, embora com algumas decepções. Parece-nos que o povo quer mudar, mas não sabe como fazê-lo. É como alguém afogando num rio caudaloso, à procura de um galho forte, plantado na margem, para se agarrar, mas sem encontrá-lo, contenta-se, pelo menos provisoriamente, em agarrar-se a qualquer toco de madeira flutuante. É isso um diagnóstico de que o povo está à procura de um novo “caçador”? Mas os caçadores são a solução?
Não. Os “caçadores” têm provado não serem uma solução. Todas as vezes que assumiram o governo, no auge do clamor público por Justiça, ou por Honestidade na Gestão Pública ou outras reivindicações semelhantes, seus governos falharam. Alguns foram um verdadeiro desastre, levando o país até mesmo ao regime de exceção, quando, por exemplo, da renúncia do “ Homem (Caçador) da Vassourinha”, Jânio Quadros, cuja renúncia fez o país mergulhar num verdadeiro “tsunami” de ingovernabilidade, já que o povo não aceitava que seu vice, João “Jango” Goulart tomasse posse em virtude de ser dominado por forças ideológicas que queriam a “Cubanização” do país.
Jânio Quadros, ex-presidente do Brasil, com vassoura na campanha
Isso ocorreu na década de 60, para não irmos longe demais e ainda estarmos falando como, talvez, um dos poucos que vivenciaram esta época, em que o povo foi em busca de um novo líder ─ o Caçador, ou melhor o “Varredor do Lixo Governamental”. E, munido de uma vassourinha ─ símbolo de sua campanha ─ o mato-grossense Jânio Quadros venceu as eleições presidenciais, derrotando o General Lott, que era o candidato do governo ─ do governo de Juscelino Kubitschek ─ que acabara de construir Brasília, uma das maiores realizações de um presidente brasileiro! Jânio venceu em virtude de suas propostas de “varrer o lixo” ─ hoje chamado de“corrupção” ─ deixado com a edificação de Brasília, cuja construção, segundo relataram e ainda relatam aqueles que ajudaram a construí-la, um mesmo caminhão de areia era faturado mais de 10 vezes, o mesmo acontecendo com todo o material de construção e os serviços de engenharia. Verdade ou não, isso foi uma das motivações para a vitória de Jânio Quadros, que passou a ser idolatrado pelo povo, inclusive por meu pai, Hugo Foscolo, que na época era Promotor de Justiça de Pompéu (*). Após eleito, Jânio a todos decepcionou com uma inesperada renúncia, que eu ─ na época um estudante do Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte e que não era seu fã ─ cheguei a comemorar.
Presidente Collor que venceu Lula no primeiro turno
O segundo grande “caçador” ─ Fernando Collor de Mello, que venceu Lula, na primeira das 3 derrotas que o ex-presidente sofreu ─ foi vitorioso nas eleições com o tema “Caçador de Marajás”, numa clara alusão aos funcionários dos governos que de forma indevida, “mamavam nas tetas do governo”. Venceu as eleições no primeiro turno, iniciando reformas essenciais para modernizar o país, mas não sabia fazer o que Lula e Dilma sabem e fizeram ─ ou ainda fazem, com maestria ─ com o Congresso Nacional, que é dominá-lo com a oferta de cargos, ou se não participaram diretamente, pelo menos fizeram “vista grossa” aos crimes cometidos no chamado “Mensalão”. E por isso, num institucional golpe de estado, vergonhosamente aprovado pelo Senado Federal, teve seu mandato cassado.
E agora? Qual seria o futuro “caçador”? Haverá algum? Há alguém em perspectiva? Seria o “caçador de corruptos”? Seria o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Joaquim Barbosa?
MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, JOAQUIM BARBOSA
Algumas forças políticas apostam que sim, mas não há um consenso. Na realidade um “caçador” tem de ser um líder, e às vezes até mesmo um demagogo, mas hoje vivemos uma profunda carência de líderes, embora não de demagogos. Joaquim Barbosa tem-se recusado firmemente a ser um candidato. Talvez contaminado pelo conceito reinante entre os cidadãos sérios desta Nação, para quem ser político é ter um item negativo em seu curriculum.
No partido do governo, aqueles que poderiam sê-lo, por sua inteligência, capacidade de estratégia e acima de tudo por uma facilidade de convencer formadores de opinião de várias camadas da população, como o médico Antônio Palocci, ex-prefeito de Ribeirão Preto e ex-super Ministro-Chefe da Casa Civil ─ realmente não sei se justa, ou injustamente, pois isso não ficou devidamente comprovado ─
EX-MINISTRO DA CASA CIVIL DO GOVERNO ROUSSEFF
“queimou” suas cartas muito precocemente, talvez até mesmo se sacrificando para servir ─ e talvez também proteger ─ a seus superiores hierárquicos, que muita vez não têm se mostrado muito dignos de confiança.
Fora Palocci, o Partido do Governo ─ leia-se PT e “Coalizão” ─ não tem mais qualquer líder capaz de guiar as massas. Aquele que poderia ainda tentar isso, cada dia que passa, mostra-se cada vez mais desacreditado com denúncias de enriquecimento ilícito, denúncias essas feitas por seus próprios ex-seguidores como os famosos petistas Plínio de Arruda Sampaio (ex-promotor de justiça e ex-canditato à Presidência da República) e o jurista Hélio Bicudo, que chegou mesmo a abrigar o ex-presidente em sua residência, por 30 dias, em sua crise de depressão, logo depois de sua derrota para Fernando Collar de Mello (veja depoimentos no link abaixo).
Lula: Um líder desacreditado pela imensa fortuna acumulada?
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/fortuna-de-lula/
Na oposição, não há nem mesmo falar em líderes. Em suma não há líderes em parte alguma. E isso é muito sintomático. Isso demonstra a total queda de qualidade do político brasileiro. Mas que não se culpem apenas os políticos! O principal culpado desta ausência de líderes deve ser totalmente debitada à “desqualificação” do eleitor brasileiro. Quem não tem qualidade para eleger jamais terá líderes capazes !
Mas o quê é um “eleitor desqualificado” ? Não é o que parece ser aos olhos de alguém mais desavisado. Popularmente “qualificado” ou “qualificar” é um termo erroneamente usado, até mesmo, pelo nosso Poder Judiciário, quando o juiz manda ao oficial que faça a “qualificação” da testemunha, quando na realidade, dever-se-ia estar solicitando que se fizesse a “ coleta de dados identificadores” , ou simplesmente aidentificação do paciente. Qualificação é muito mais do que enumerar os dados pessoais de alguém, como idade, estado civil, endereço e outros dados que num futuro bem próximo já serão automaticamente coletados assim que o “paciente” declinar seuRIC ─ Registro de Identidade Civil ─ cartão digital em fase de implantação em todo o território nacional. Qualificação é ─ com certeza ─ algo muito maior do que isso que a burocracia pede.
Esta coluna ─ certamente ─ não é lida por qualquer eleitor “desqualificado” pois esses não lêem coisa alguma. Assimm qualquer pesquisa que eu fizesse dentre os leitos dessa coluna teria seu resultado altamente prejudicado.. Mas, de qualquer forma, gostaríamos de ver uma pesquisa, realizada por algum instituto sério, que também incluísse alguns itens, tais como:
1) Você acha que não importa que um político seja desonesto, desde que ele seja do tipo “ furta, mas faz” , tão aplaudido no Brasil?
2) Você lê jornais, ou assiste os noticiários na TV?
3) Você se lembra em quem você votou para deputado ou senador na última eleição?
4) Quando você comemora o aumento de seu salário mínimo, você procura saber qual é o valor dele em países considerados “mais pobres” do que o Brasil, como, por exemplo, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador, Chile, Uruguai e outros?
5) Você preferiria receber uma pequena ajuda financeira por mês ─ por exemplo R$ 70 reais ─ ou um bom emprego que lhe rendesse, além de mais do que isso, também não ferisse sua auto-estima e lhe desse oportunidade de crescer profissionalmente?
E, assim, um simples e bem elaborado qüestionário poderia evoluir para realmente saber o que o povo brasileiro pensa, e se ele gostaria de ampliar seus conhecimentos para que de fato através do voto pudesse melhorar as condições de sua vida e de seus familiares. A partir do resultado dessa enquete, nós, com certeza, entenderíamos, com maior facilidade, a razão dos resultados contraditórios das últimas pesquisas.
<<< CURTA-METRAGEM >>>
(*) A nota que marquei acima diz respeito a um episódio interessante sobre meu pai ─ Hugo Foscolo ─ que na época era Promotor de Justiça de Pompéu e o então Presidente da República Jânio Quadros, no qual meu pai havia votado.
Meu pai era um “escritor” incansável: Escrevia dezenas de cartas por dia, não só para várias partes do Brasil, como ainda para 83 países do mundo. Como ele estudasse e falasse 10 línguas isso não era um grande problema, mas a grande maioria dessas cartas eram escritas na língua internacional Esperanto. Nesses cartas, ele remetia ou recebia selos e fotografias dos países.
Pois bem, como este volume fosse muito grande, talvez tenha chamado a atenção de algum outro colecionador de selos, ou de postais, em algumas das agências por onde essas cartas passassem, no Brasil, ou algures. O fato é que algumas passaram a não chegar lá em casa. Não deu outra. Meu pai escreveu ao então presidente Jânio Quadros, relatando que sua correspondência estava se extraviando.
Um belo dia, chegaram lá em casa, dois homens muito bem vestidos, com ternos escuros, gravatas e chapéus ─ no estilo do FBI americano ─ e se apresentando a meu pai disseram que estavam aqui, em Pompéu, por determinação do Presidente Jânio Quadros, em missão especial, designada pessoalmente pelo presidente, para investigar os extravios de correspondências.
Bem, não me perguntem sobre o resto da história, pois logo depois fui estudar no exterior e não mais tomei conhecimento dos acontecimentos. Aliás, vale dizer que mesmo depois deste inusitado fato, eu nunca fui muito fã do senhor Jânio da Silva Quadros. Vale dizer ainda que se ele nunca tivesse sido presidente da República talvez nunca tivessem surgido os problemas que transformaram este país numa “bagunça” nos anos de 1961 a 1964, e que originaram a Revolução de 1964.
<> A DUPLA “JURÃO E PIBINHO” <> A “Oposição”, ou talvez melhor dizendo,“as oposições” ─ que estão cada vez mais apagadas ─ estão comemorando a entrada em 2014 das baladas da indigesta dupla “Jurão e Pibinho”.
Presidente Rousseff e Ministro Mantega
O governo da Presidente Rousseff, que teimosamente mantém no governo o Ministro Guido Mantega, não consegue evitar o fracasso da economia, que tende a piorar a despeito das maquiagens feitas nas contabilidades das contas governamentais (o quê não é qualquer novidade: Para que mais servem os balanços contábeis senão para fazer maquiagens nas contas das empresas e do governo? Que me perdoem meus vários amigos contabilistas, mas é isso que sempre tenho visto em nada menos que três décadas de consultoria em custos e produtividade utilizando e indicadores relativos, que não são passíveis de maquiagens!).
O fato é que entramos em 2014 com juros de 3 dígitos e um PIB que mal ultrapassa 1% ─ se ultrapassar ─ pois a maquiagem pode também alcançar este indicador, embora o IBGE ainda seja ─ juntamente com a Polícia Federal ─ ao que tudo indica, os órgãos que se mantêm íntegros apesar do mar de corrupção onde operam.
<> Políticas Erradas <> Nós que temos sempre analisado as ações do governo federal, tanto na política interna e externa, quanto na economia nacional e internacional, achamos ser imperdoável os erros estratégicos cometidos pelos governos de Lula e Dilma Rousseff nesses seus últimos 13 anos de governo, responsáveis pelos graves problemas que o Brasil está começando a encontrar ─ inflação ultrapassando a meta, população endividada, juros altos na casa dos dois dígitos, situação de sub-empregos (temos o menor salário mínimo dentre nossos vizinhos) ─ e sem muita perspectiva de corrigir a médio prazo por ser este um ano eleitoral e medidas corretivas serem difíceis de serem enfrentadas.
É inimaginável que um país com um potencial e energético como este, riquíssimo em commodities, e com tantos recursos naturais tenha tido mais de uma década perdida em virtude de de políticas erradas, fundada em ideologias ultrapassadas, praticadas pelos membros do partido do governo. Dentre esses crassos erros políticos e econômicos podemos citar a sua perda de tempo com o já nascido falido Mercosul, ou a aposta dos “brilhantes estrategistas” do governo ─ dentre eles o não menos brilhante assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia ─ que apostaram em países como Irã, Honduras, Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela, Cuba. E se “esqueceram” que as oportunidades de negócios não estavam nesses paises, mas ainda na maior locomotiva econômica do mundo, os EUA. Consequências: Fechamos 2013 com menos de 2% de participação nos negócios mundiais. Graças a quem? Às sandices praticadas durante 13 anos de governo do PT.
DESEJAMOS UM EXCELENTE 2014 A TODOS NOSSOS LEITORES!
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