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Carlos A. M. FOSCOLO
Carlos@foscolo.biz
21-06-2014
DE VOLTA AO BRASIL - III
A Cultura de um Povo
O quê faz a CULTURA de um povo? Não apenas livros, literatura, cursos e atividades semelhantes. Talvez isso seja o quê menos contribui para ela. A CULTURA é sobretudo criada e mantida pelos valores morais ensinados ao povo, principalmente pelos líderes que conduzem uma Nação. Que não se confunda liderança com popularidade. A liderança é filha da credibilidade, da responsabilidade, do exemplo de ações, do comprometimento das pessoas que têm o dever de guiar as grandes massas populares. Os líderes que que detêm essas valores não praticam o que é melhor para seus companheiros de partido ou para aqueles que seguem suas idéias. Fazem aquilo que é melhor para toda a Nação, mesmo que isso possa, às vezes, comprometer sua popularidade!.
Já o líder popular, não tem compromissos, nem com a verdade e muito menos com a responsabilidade, já que seu agir não é determinado pelo bem-estar de toda a Nação, mas pela satisfação das massas que o elegem, mesmo que para manter esta satisfação tenha de infringir as mais elementares regras da moral e da verdade, e assim se manter no poder. E esta forma de agir, quer queiramos ou não, é a forma de agir de 99% dos políticos das nações do terceiro mundo, que se constituem de, no mínimo, 80% dos mais de 200 países do mundo. Você minha leitora, pela análise que você faz das notícias dos meios de comunicação e dos exemplos das ações políticas em nosso país, acha que estamos ainda incluídos nesses 80% de subdesenvolvidos culturais?
Perdoem-me pela digressão, afastando-me, provisoriamente, do tema central de minha série de escritos que visa focar a Alemanha e, sobretudo, seus elevados valores morais ─ mesmo entre os políticos! E são esses valores que trazem tanta segurança e honestidade no agir da quase totalidade de sua população: Se os líderes de uma nação não são honestos, despiciendo é dizer que os cidadãos também não serão, pois não terão bons exemplos em que se espelhar! E aqui não me refiro a um ou outro partido. Refiro-me a um padrão de comportamento seguido por 99% dos líderes, independentemente de seus partidos ou ideologias.
Pois, bem. Digressões à parte, tão logo cheguei ao Aeroporto de Tigel, em Berlim, chamou-me a atenção o fato de não ter passar por toda uma burocracia de vasculhar as malas. Mas isso já relatei no meu último escrito.
Agora já estou a caminho do meu “hotel”. Você poderá se perguntar: “Por que ele colocouhotel entre aspas?” Porque meu “hotel” foi, durante toda minha estada na Alemanha, um Convento Evangélico, mantido e dirigido por freiras. É o Evangelischer Diakonieverein Berlin-Zehlendorf e.V
ESTE É O PRÉDIO D EVANGELISCHER DIAKONIEVEREIN BERLIN
A caminho do meu “hotel”, o presidente, Dr.Konrad, da empresa de onde sou consultor ─ a Enviacon International ─ ia me dizendo algumas peculiaridades sobre a Alemanha, tais como o índice de criminalidade quase nulo, ou que as pessoas, de qualquer idade, andam pelas ruas, a qualquer hora do dia, ou da noite, sem qualquer receio de assaltos ou violências. E, por coincidência, ao aproximarmos do local de minha hospedagem, já quase à meia-noite, embora a rua estivesse deserta e com muitas árvores em ambos os lados da rua, uma senhora, talvez já nos seus 80 anos, caminhava sozinha pela calçada, apoiando-se em sua bengala.
Após ver este este fato que me chamou a atenção, logo chegamos à hospedaria: Um prédio imenso, de três andares e sem qualquer janela acesa. Descemos do moderno carro Mercedes Benz, pegamos as malas e, como já tínhamos a chave, abrimos a imensa porta principal da hospedaria. Não havia recepção, nem câmeras, nem pessoa alguma para nos receber. Uma hospedaria totalmente self-service. À medida que avançávamos ─ e subíamos as largas escadas do prédio de 120 anos ─ as luzes que antes estavam todas apagadas iam-se acendendo à medida que avançávamos até chegarmos ao segundo andar, quando um longo corredor, todo branco e muito bem pintado e limpo se acendeu completamente. Andamos um pouco, e logo chegamos ao apartamento “5”, que abrimos com a mesma chave com que abrimos a porta principal, lá embaixo. Ao entrar, admirei-me com a beleza do quarto, sua limpeza e sua bela pintura e sua modernidade. Após um breve instante, o Dr.Konrad se despediu. E eu fiquei ali, com a sensação de que eu era o único habitante daquele imenso prédio, todo escuro. Dentro de alguns minutos, vi um aviso que refrigerantes e cervejas estavam no corredor e na cozinha.
Resolvi então me aventurar. Abri a porta de meu quarto e todas as luzes do corredor se acenderam novamente. Caminhei até a metade do longo corredor, onde estavam refrigerantes, água mineral e a famosa cerveja alemã, que eu estava ansioso para experimentar. Mas não havia ninguém! Eu continuava sendo ─ aparentemente ─ o único habitante daquele imenso prédio. Peguei o cardápio, olhei os preços e peguei duas cervejas. Mas como pagar? Vi uma caixa e a abri. Lá dentro havia um monte de moedas e notas de 10 e 50 Euros. Logo inferi que deveria eu mesmo fazer o pagamento e pegar o troco. Peguei então uma de duas notas de 10 euros que eu tinha, coloquei na caixa e peguei o troco! Olhei em volta e não vi qualquer câmera. E realmente não havia nenhuma. Achei estranho. Não estava acostumado com isso! Ao dirigir-me de volta ao meu apartamento, notei vozes muito baixas ao passar perto de algumas portas. Eu não estava sozinho. Não ouvia as pessoas, pelo respeito que têm à privacidade alheia.
Esta foi realmente minha primeira experiência com a cultura alemã, fora do Brasil. Mas achei marcante. Isso não seria uma situação comum num país latino, seria?
Embora estivéssemos no país para executar um trabalho de nossa consultoria e o tenhamos feito de forma muito agradável com nossos 19 colegas alemães, não se pode ir a Berlim sem fazer um tour pela cidade de 750 anos de idade. Mas foi nesse nosso primeiro tour da cidade que tivemos também uma outra surpresa.
O BRANDENBURG TOR, COM TODA SUA HISTÓRIA
Após passarmos pelos pontos de Berlim que ninguém pode deixar de visitar, como, por exemplo, o Brandenburg Tor, ou como é mais conhecido por aqui pelo nome de Portão de Brandenburgo, não imaginava que iria ver, em plena Alemanha, uma tremenda falta de compromisso do governo brasileiro para com o uso do dinheiro público brasileiro, que já está até mesmo virando pilhéria dos guias turísticos alemães.
Foi quado o guia turístico, por sermos brasileiros, resolveu passar, por nossa solicitação, e parar, em frente da Embaixada Brasileira. E não hesitou em nos informar que aquele ─ da Embaixada Brasileira ─ era um dos aluguéis mais caros de Berlim: O governo brasileiro paga de aluguel pelo uso de algumas salas usadas pela Embaixada Brasileira a bagatela de 330.000 Euros por mês. Ou, trocando em reais, nada menos do que 1,06 bilhão de reais
A EMBAIXADA BRASILEIRA DE 1 BILHÃO DE REAIS/MÊS
Bem amigos, na próxima edição continuaremos com nossas impressões sobre o este impressionante país, que não obstante tudo por que passou, mesmo se considerarmos apenas o Século XX, hoje é lider incontestável de toda a União Européia, além de ser o maior repositório de tecnologia de todo mundo. Assim, estaremos falando também, de nossas visitas à Daimler, fabricante dos motores que movem os veículos Mercedes Benz, à fabulosa Siemens ─ presente em todos os países do mundo ─ e àquela que certamente é a maior feira de tecnologia de todo o mundo: a Feira de Hannover. |