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Carlos A. M. FOSCOLO
Carlos@foscolo.biz
28-06-2014
OS PRÓS E OS CONS DA COPA
Muito se tem falado da Copa de 2014, que ora se realiza no Brasil. Até alguns dias atrás, quando ela ainda não tinha se inciado, as manifestações eram todas negativas. Hoje, embora ainda haja manifestações de rua contra sua realização, esses movimentos têm perdido força, porque o efeito que era esperado pelo governo começa a se realizar, pois à medida que a seleção brasileira de jogadores vai jogando e alcançando resultados positivos, instala-se nas mentes das pessoas um clima de festa, que age como um alucinógeno, fazendo-os se esquecerem dos problemas e ressaltando apenas o lado bom da vida. Infelizmente esta é uma felicidade passageira, não construída sobre bases sólidas ─ que o povo espera, mas ainda não tem ─ e, por isso corre-se o risco de advir uma “ressaca depressiva”, ou outra coisa que queiram chamá-la. Mas façamos uma análise sucinta de algumas situações causadas pela Copa e que cada um tire suas próprias conclusões.
OS PROTESTOS CONTRA A “DITADURA DA FIFA”
Eh! A FIFA dita as regras de uma forma nada democrática, chegando ao ponto de modificar, embora provisoriamente, a legislação do país a fim de impor sua vontade. É o que aconteceu, por exemplo, com a exceção que se teve de abrir na legislação brasileira para se permitir o uso de bebida alcoólica nos estádios, durante os jogos da Copa.
Muito também se tem reclamado dos fabulosos gastos com a construção e reformas de 12 estádios ─ que passaram a se chamar “arenas” ─ e que para atender às exigências da toda poderosa FIFA consumiram nada menos que R$ 11,25 bilhões, dinheiro esse que possíveis futuras CPI’s ou investigações da Polícia Federal poderão mostrar ao povo qual foi seu real destino, como tem acontecido em outros países onde as copas da FIFA têm sido realizadas.
Os protestos, de certa forma procedem, pois ainda somos um país de muitas carências. E não precisa pesquisar muito para se ver o que se deixou de investir em benefício de uma vida melhor para a população. Uma síntese desse desvio muito bem demonstra isso. Veja abaixo:
E, quando se reclama de tudo isso, os dirigentes da FIFA “astutamente” respondem: “A FIFA” não pediu para realizar a COPA no Brasil. Este foi um pedido do Brasil, através de seu presidente Lula” .
LULA OFICIALIZA PEDIDO DA COPA NO BRASIL
No passado, entretanto, quando o então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange ofereceu para realizar a Copa do Mundo, no Brasil, recebeu uma resposta dura de alguém que preservava mais a responsabilidade do que a popularidade, como o fez o então presidente da República, o General João Batista de Figueiredo, o último mandatário da tão propalada “ditadura militar”:
E quando se fala em FIFA, há muitas perguntas sem respostas. Seus presidentes se eternizam no cargo. E não há maior convite à corrupção do que a longevidade do poder. Principalmente quando o volume de dinheiro manipulado é impressionantemente inimaginável. E ela ─ a FIFA ─ não tem ninguém a quem prestar contas, pois todos os que ocupam os quase vitalícios cargos da entidade ─ só se afastam por total falência dos órgãos ─ os o seus, físicos! E uma das perguntas praticamente sem resposta é: “O quê a FIFA faz com todo o dinheiro que arrecada”se as suas despesas são infinitamente inferiores às suas receitas? Todas as despesas de hotéis das seleções são pagas pelos governos ou entidades de seus países. Os prêmios também são pagos por essas mesmas fontes. Todas as despesas são patrocinadas por grandes empresas. As transmissões das redes de televisão são cobradas das emissoras. E há as publicidades nos estádios. Ah, Os estádios são construídos por governos ou empresas. E, além de tudo isso há toda a arrecadação proveniente da venda dos caros ingressos,
A HISTÓRIA SEMPRE SE REPETE
Realmente os governos não poupam recursos no uso da sempre eficaz terapia das massas para esconder algumas falhas de gestão. E a mais recorrente, e que vem desde a época dos imperadores romanos é a “panis et circenses” , ou seja pão e jogos circenses, ou mais popularmente citada como pão e circo. Esta foi uma política criada pelos antigos romanos, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de diminuir a insatisfação popular contra os governantes.
E não há circo sem arena. Os governantes romanos construíram o imponenteColiseu, não tão belo e suntuoso como as arenas construídas para a copa no Brasil, de 2014. Mas em sua época deveria ser algo realmente formidável, não só pela sua capacidade de público, assim como também pela sua versatilidade técnica que permitia, inclusive, que a parte plana da arena fosse preenchida com água para que ali se simulassem batalhas navais. Mas, nossas arenas de hoje nada ficam a dever ao Coliseu, exceto pelo eficiente uso que se fez dele, pois era utilizado quase que diariamente, enquanto nossas arenas… serão meros “elefantes brancos”, talvez com menos de uma dúzia de utilizações por ano. Mas, são belas peças de arquitetura, que pelo menos servirão para mostrar ao mundo o quê os arquitetos dessa terra de Niemeyer são capazes de criar.
ARENAS DA COPA: BELAS OBRAS DA ARQUITETURA BRASILEIRA
O Pão e Circo foi de extrema importância para se buscar uma estabilidade social na sociedade romana. Com ele, as classes dominantes buscavam controlar e conter os ânimos da população pobre, evitando, dessa forma, que as rebeliões se tornassem cada vez mais constantes. Que as arenas no Brasil não sirvam apenas para se ganhar eleições, mas também para dar maior visibilidade às nossas possibilidades, e ao nosso país.
OS PRÓS E OS CONS DA VISIBILIDADE
Embora eu tenha citado a “visibilidade” que o Brasil está tendo com a Copa, como um de seus “prós”, esta mesma visibilidade pode ser também uma faca de dois gumes. Estar visível é essencial para os negócios de uma empresa, para o sucesso de profissionais, para as parcerias internacionais.de um país. Mas se alguém, ou uma empresa, ou um país não tiver boas coisas para mostra, é melhor ficar quieto no seu canto!
Mas, parece-nos que o país, como um todo, não está fazendo feio para o mundo. Os aeroportos estão funcionando, os estádios ─ ou arenas ─ não estão mais caindo os tetos, o governo utiliza ─ por enquanto ─ a copa apenas na bilionárias publicidades que faz na TV ─ embora delas se utilizando somente para tentar reconstruir o nome da Petrobras que ele mesmo destruiu. Em São Paulo, os trens se parecem com aqueles do primeiro mundo e funcionam com uma precisão de relógio e recebem elogios de todos ─ tanto de brasileiros quanto de turistas.
IMPRENSA INTERNACIONAL DECEPCIONADA?
Para decepção de revistas, como a Der Spiegel, da Alemanha, e os principais jornais da França, Reino Unido, Estados Unidos, e outros do primeiro mundo, a Copa do Mundo no Brasil seria um desastre! Pode até ainda acontecer, pois apenas percorremos menos de 50% dela. Mas até agora, já estamos na metade dela e tudo está funcionando relativamente bem. Pelo menos tudo que vaticinaram, até agora, não aconteceu. Os mesmos que previam grandes tragédias durante a Copa já estão chamando isso de“Milagre Brasileiro”.
O fato de as tragédias previstas pela imprensa internacional ─ e ainda não terem ocorrido ─ tem também surpreendido aos próprios brasileiros, que estão admirados pelo visível aumento da segurança da população, pela melhoria dos transportes e pela melhoria do relacionamento das forças de segurança com o povo. Mas aí cabe uma pergunta que não pode se calar:
Se o governo consegue esses progressos na Copa, por que não o faz também fora dela ? O cidadão brasileiro não merece dos órgãos governamentais deste país a mesma atenção que é destinada ao turista estrangeiro?
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